C’EST FINI

Estamos naquelas horas mortas entre a espera e o embarque. Tenho milhões de fotografias epicuristas para partilhar mas esta, parece-me um belíssimo prefácio.
Desde que saímos Portugal nunca mais usámos uma máscara, nem nas farmácias, nem nos ubers, nem nos transportes públicos. Nem ninguém olhou para nós de soslaio, com ares de ditador sanitário, do alto do pedestal alugado em
Short Rental à pandemia para efeitos do bem comum.
Soube melhor que o camembert.
Só de pensar que nos últimos dois anos fomos monopolizados pelo tema, consumidos pelo medo, manipulados pelos media, encaixotados pelo governo, enxovalhados pelo desvairo constante do Sns, sujeitos a variações de dia, noite, 24 horas ou só aos fins de semana, como se alguém no comando estivesse a avaliar a nossa predisposição ao nível de incongruência.
É alta. Está mais que atestada. Permitimos e permissivos.
Agora deixem nos respirar.
E não é só pelo aligeirar das medidas, é do tema em si. Mas tratem-nos com dignidade, dêem nos mais que a agenda transgender, que a cancel culture, que a Joana Marques, que a NATO a prestações e que a crise ambiental, sempre que falha o morcego, o macaco ou a andorinha. Não proponho em contraste, um mergulho na letargia do verão, esse bálsamo de ignorância encomendada à sazonalidade, ao qual forneci conteúdos durante estas duas semanas. Proponho inquietude boa, murais de filosofia, a música que o verão oferece sempre, as noites para conversa e os temas de fundo, sem filtros e sem resgates.
Nada mais que este poster (engolido).
O fim das últimas máscaras, aquelas que separam o Tu do eu. O mergulho na alma dos pés na maresia.
Isso é que era um solisticio.
A rendição da humanidade à absurda e deliciosa arte da vida.
E só para terminar, porque vamos embarcar, um assobio interminável ao revogar da lei do aborto nos EUA, 50 anos depois regredimos 500.
Não percebo.
Às vezes, penso que vivemos em loops de tempo, entre séculos de estupidez absoluta e a quase lucidez. O que dirão destes tempos quando não estivermos cá? Com sorte não ha backup disto e só por muito azar é que alguém se terá lembrado de escrever…
… já ninguém sabe onde vivem as folhas de papel.