Um Estrondo
Nos dias mais difíceis da minha infância tardia, no alvoroço de uma família portuguesa de peito napolitano, desolada pelo insistente silêncio de Deus, pedi muitas vezes aos seres de outros planetas que me viessem buscar.
Parecia-me uma solução mais espectacular que ser acolhida pela flatulência permanente de outros seres humanos.
Como não conhecia a linguística ponha as mãos em reza e sob o parapeito frio pedia a esses seres superiores que me reivindicassem.
Nunca aconteceu. Mas Tornei-me fã de tudo o que havia para ler de ovnis e vida extra planetária. Nada me parecia mais entusiasmante, que a ideia de bater à porta e partir espaço a fora, longe do caos da minha casa, para lá do sistema solar.
Mantenho o fascínio pelo tema, rendo-me ao infinito do cosmos e vou me conformando com a ideia que talvez tenha que viver e morrer por aqui, neste planeta azul que insistimos manchar de cinzento.
Por isso deliro, devíamos delirar todos, quando vejo as notícias, que o novo telescópio da NASA, colocado num eixo a 1,5 milhões de quilómetros da terra nos devolve a noção perfeita de infinito. Mostrando que somos um grão de areia num manto de galáxias com sóis.
É difícil de perceber completamente o que é que isto significa para a humanidade, quando estamos tão fechado na bolha. Mas isto, pode bem ser o início da descodificação da origem do universo , da formação das estrelas e de como tudo isto começou. Com a capacidade de olhar para trás num horizonte de 13 biliões de anos até ao Bing bang. Já para não falar da deteção da presença de água e a possibilidade de outras vidas.
Uma incrível lição de humildade para quem está disposto a sentir a relatividade de tudo, num infinito estrelado.