Zona de Desconforto

Dizem que é la que habitam as fadas e os sonhos. É la que devemos ir, por muito que nos custe a escuridão, as zonas húmidas prometem sempre um solo fértil cheio de estrutura.
É aqui que enxertamos os sonhos no tronco da vida.
Tenho saído bastante da minha zona de conforto, e não é por cagar para composto, nem por ir para a cama, com serradura no rabo, por não tomar banho há 6 dias ou por ter que ir até à tenda por uma ladeira de lama com uma lanterna na mão a maldizer cada vez que tropeço e ponho as mãos nas silvas. Saí mais da minha zona de conforto numa noite no hotel miragem, que em 12 dias aqui.
A zona de conforto está no Córtex cerebral e na alma, quando percebes, sem qualquer metafísica que podias estar a ser muito mais útil ao mundo, do que alguma vez foste até agora. E o grande segredo não está só na nossa capacidade de acolher famílias ucranianas, partilhar pessoas desaparecidas ou fazer mbway ‘S para. Reconstrução de casas de primeira habitação, está somente na capacidade de entender que o solo que pisamos nos nutre, que é daqui que partimos e aqui que terminamos. Que a natureza está cá desde sempre como uma enciclopédia aberta, à espera do despertar da nossa consciência. E que se olharmos com atenção para o que nos rodeia, estão lá às respostas que procuramos para a sublime arte da vida.
Vocês não imaginam a vontade que tenho de chegar a Lisboa, abrir as portas do nosso jardim à permacultura, corrigir os erros que temos feito na gestão da nossa horta e começar a desenhar a nossa vida, como se fôssemos seres virgens a pisar a terra pela primeira vez. E prometo que, apesar de já sabermos inocular cogumelos em troncos de eucaliptos, ainda não tomamos nada que nos fizesse menos estúpidos, com excepção da nossa consciência. Mas estou vulnerável a experiências…