O Chat da Família

Mandei esta fotografia para o chat da família, porque desde que temos casa cheia de netos roliços, a madre Teresa só pede fotos dos bebés.

Achei por bem recordar-lhe, em jeito de mimo, que só cresci porque teve mesmo que ser .

Por mim ficava imberbe e destemida, a chamarem para a mesa, sem nunca ter que cozinhar o jantar. Ficava assim pequenina, sem nenhuma vaidade, que não fosse coroada com as minhas boas notas a português, com febres que eram antecipadas em caldos quentes e contágios colectivos a banhos de caladril.

Férias que corriam sempre bem e nunca eram planeadas por mim.

Eu nem sabia que para se viver, se tinha que pagar uma renda.

Era um buffet minha mãe.

Aqui entre nós, eu não queria mesmo crescer.

A vida adulta tem destes encontros bons, já podemos beber vinho como malucos e fingir que fazemos o que queremos com a nossa liberdade, já pagamos impostos e multas por incumprimento, já planeamos férias para 5 e cozinhamos para 12.

Ser crescido só é bom quando as crianças vão para a cama e há 9 horas de ilusão, menos 6 vendidas ao sono, sobram-te 3 para as séries e trapezismos.

Temos tanto sono quando já somos crescidos…

Já o colo de uma mãe é baloiço. Tudo se faz eterno nesse balanço, não há pressa nenhuma em fazer anos outra vez.

É isto madre.

Quando dizem que a vida é madrasta é porque lhe tiram a mãe.

Que fique aqui registado que estou feliz a ser crescida, mas de quando em quando, dava a minha adega de vinho para ser criança outra vez.

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