Os Hits da Desumanidade

Lembram-se das imagens do corpo do bebé curdo de três anos, morto sobre a areia de uma praia na Turquia? O mesmo a quem o Canadá recusou o pedido de asilo?
Lembram-se do Igor Homeniuk, o cidadão ucraniano de 40 anos espancado até à morte por inspectores do Sef em 2019?
Os incêndios de Pedrogrão grande que mataram 66 pessoas. E sem ajuda, saberiam certamente, os mortos cofid porque o governo e os media fizeram questão de nos manter informados até surgir uma guerra.
Para que fique registado, nunca existiu paz no mundo, o conflito entre os homens terá eventualmente, começado quando a Eva decidiu atacar o fruto proibido, despertando a ira de Deus. Neste preciso momento (dia 26.02.2022) há 124 países envolvidos em alguma disputa territorial, num total de 195 países no mundo.
Não juntei estes factos para amenizar as nossas emoções em relação à Ucrânia e à Rússia. Embora ache que na tranquilidade relativa das nossas vidas, temos o dever de estar minimamente informados. O que estes números me fazem reflectir é sobre a nossa curta existência em vida, e o complicado que é sermos contemporâneos de nós mesmos, dos nossos dramas e estar simultaneamente responsivo aos males do mundo. É um mea culpa que assiste as nobres almas, oprimirem-se na sua situação de privilegiados, enquanto aquecemos sopas, comemos azeitonas e assistimos às notícias. Mas por pouco informados que estejamos há algo que reconhecemos, a nossa incapacidade de ação, é sempre desproporcional à nossa capacidade de espanto. Não há mal nenhum em ser Feliz enquanto se pode, é uma forma salutar de luta contra a insanidade mental, agarrar com unhas e dentes a paz que nos é dada a viver. Desarmemos primeiro nas nossas casas, tornemos mais brandos os nossos corações, falemos sobre a morte dos outros e a que nos espera. Ensinemos aos nosso filhos e a nós mesmos a respeitar o tempo e a amar o buffet de oportunidades que a vida ainda lhes oferece. E não “esbanjemos” emoções negativas com dores “alheias” se elas só servirem para adiar a cura das nossas. Porque as fronteiras entre os homens, são ainda mais frágeis que entre países e sancionamos demasiado, mesmo sem saber.