2013

Há 9 anos estavam a caminho da escola de bibe emparelhado, agora ainda estão a dormir.

Há 9 anos eu estava ansiosa para que tudo corresse bem, para que não lhes faltasse o colo e a sesta, e hoje, não vejo a hora de regressarem às rotinas.

Há 9 anos eu já era de timbre liberal no laboratório do desapego, mas era outra mãe, tinha outras filhas, outras fantasias e outros medos.

Hoje elas não sabem, mas ainda precisam muito de mim. E não é só das transferências avulso, nem das boleias. É de coisas que eu vou antecipando sem que elas saibam perguntar.

Há 9 anos eu não fazia ideia do mundo onde estariam a habitar, da maluquice da globalização, do desespero do aquecimento global, das tentadoras conspirações, dos vírus fatais e de um milhão de coisas que deixamos para depois. A nossa casa tinha a centralidade narcísica de um epicentro. Fechavas a porta e estava tudo o que eu achava que era preciso lá dentro.

Agora é um poiso alternado de conjugação semanal, uma pista de aviação, a cantina à mão de um mega projecto febril (sim, muito febril). E eu sou a mãe ajustada às pragas e cuidados que envolvem o amadurecer, cada vez mais pequenina que vocês e cada vez maior que eu.

Esta fotografia não me dá saudades, dá me a ternura do riso que se impõe quando há memória e transformação.

É mais do que um registo do passar do tempo é uma fração inocente do presente congelado, que nos lembra que há momentos, em que, mesmo não tendo a mesma idade, éramos todas umas crianças.

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