Sem ninho
Está escasso de sono para estes lados…mas num bater de asas fui ao Minho, jantei entre bruxos e regressei, depois de ter andado descalça sobre os meus ancestrais.
Não temais!
A curiosidade não nos torna feiticeiros só nos faz menos estúpidos.
Pelo caminho não comprei vassouras, nem chapéus de bico, muito embora viesse cheia de ganas de varrer tanto mal.
Sou fã do universo dos meninos perdidos do Peter Pan, a Terra do Nunca, o capitão gancho e a irritante sininho, que sonha ser gente grande só para abraçar quem nunca quis ser, senão pequenino.
E ela assim, sentada à margem da vida que passa, incapaz de voar, sabendo que tem asas é tão ternurento quanto desoladora. E faz me lembrar tanta gente. E quando eu penso que estamos em guerra, e na quantidade de gente “sem ninho”, obrigada a deslocar-se, custa-me que não haja solução para todos os outros, que não vivendo a guerra, num sentido bélico, não conseguem fazer morada no seu interior e permanecem sentados à margem da vida e deles mesmos.
Talvez devêssemos salvar mais sininhos, ao mesmo tempo que ecoam os tambores da grande marcha.
Quando eu for grande é com estas fadas, cansadas de recolher dentes que eu quero trabalhar.
Hoje era só isto que queria partilhar.
Watch your back!
Vão ver que ainda descobrem asas.