Açores

Amanhã de manhã já estou lá, uma ilha verde e três boas amigas.
Se eu pudesse era inter galáctica, mas não há orçamento, nem tecnologia, nem mundo que nos acolha, sabendo o nosso currículo…
Deram-nos um intervalo de 5 minutos, na porra da pandemia , para ir à casa de banho e sacam de uma invasão, que descamba numa guerra nojenta, com potencial de guerra mundial.
Valha nos Deus que sempre quis uma vida cheia, mas nunca cheguei a sonhar, que poderia ser contemporânea de tanta acção.
Sinto-me a assistir a uma serie e a ser endrominada em cada episódio que me ponho a ver. Salta do black mirror para os Vikings, passando pela House of cards, com um toque de Stranger Things.
Sei que por aí se abraçam os filhos, que se sente um desespero mudo, que se acorda com uma angústia funda no peito, é um bom coração que bate na inoperância dos privilegiados.
Também me sinto assim.
Mas como já vi que chegue da série, para achar que isto é tudo menos previsível, não vou recolhê-las a casa, para debaixo das minhas saias quentinhas e das minhas palavras meigas.
Quero que respirem tudo, mesmo este ar de cinzas, porque se for bem interiorizado é uma oportunidade de crescimento e é preciso torná-los fortes e conscientes.
O mundo precisa de gente bem acordada.
E a guerra tem esse condão amargurado de juntar as almas no seu propósito, de nos tornar pequeninos, para depois nos vermos grande.
O nosso campo de batalha é esse, solidariedade com quem precisa, sempre, mas uma atenção redobrada com quem nos rodeia.
E como entrei na semana do pai, passo-lhe esse veículo de poder emocional e vou ali ao atlântico profundo recarregar energia.
Não faço ideia do que vem ao dobrar da esquina, mas sei que a maluca da inquietude, é a guia maturada, que me leva sempre ao coração dos meus lugares seguros.
Tenho mesmo pena que esta merda não tenha fim…e morro de medo de tudo o que se passa no intervalo da nossa distração.
Açores, estou a apostar forte e feio no teu verde Paz e no meu verde tinto.