O que é que eu sei sobre as pessoas?

O que é que eu sei sobre as pessoas?
Quase nada.
Sei que pedimos coisas que não sabemos dar, damos coisas que não sabemos ter. Falamos do que não conhecemos, conhecemos mal quem falamos, ouvimos na oportunidade de intervir, intervimos pouco para o que reclamamos e calamos quase sempre quando nós devíamos fazer ouvir.
Aconselhamos sobre actos que nunca praticámos e sonhamos com cenários que nunca experimentámos desenhar.
Crescemos para tentar ser grandes e depois somos pequenos para os sonhos que arquitectámos.
Pedimos amores enormes, actos grandes e damo-nos em unidoses de cobrança geridas a conta de gotas de expectativa.
Exigimos um buffet e contribuímos com uma alface.
Todos sabem o que está certo, são todos culpados e quase ninguém está errado. O “não sei” perdeu-se na ilusão de que se sabe sempre tudo.
A culpa de tudo isto está sempre muito antes de nós ou em tudo o que há de vir.
Reagimos rápido, amamos rápido, comemos rápido e atiramos rápido, mas nada disso traduz o que é viver.
Somos crentes, carentes e caretas. Forretas legítimos dos nossos próprios sonhos.
E mesmo assim, cansados, optimistas, oportunistas, pobres e derrubados ainda temos o condão de nos apaixonarmos uns pelos outros, até nos odiarmos outra vez.
Este planeta é um comício do chega, sem que nunca baste.