Nunca mais temos frio
Adoro esta frase. Ouvi-a hoje a tagarelar dentro de mim, enquanto atravessava Monsanto decidida a percorrer 10.000 passos à hora do calor dos imortais.
Engorda o cérebro, reduz o rabo. É um programa customizado de treinos, é mais do que isso, é uma sentença, que a verdade do vinho não ajuda a mastigar.
Já estamos por Lisboa e continua tudo verde, áspero e seco, temo pelas colheitas da horta, mas os tomates sorriem e os alhos pegaram bem.
Com excepção das noites, num céu desmazelado de estrelas, durante o dia penso muito na saudade das coisas que ainda vou fazer.
Sonho todas as noites, sonhos tão lúcidos, que se não confiasse na vida como confio, dir-me-ia em permanente estado de alteração de consciência.
E quando acordo, tenho tanta vontade de me agarrar aos sonhos, que a lucidez da vida é quase um pecado face à boémia dos meus sonhos vãos.
Aqui, entre esta Mente irrequieta e um rabo que me pesa há uma pessoa boa, cheia de planos para o presente dinâmico, que voam muito acima da promessa de um futuro.
Às vezes sinto-me tão velhinha que dou por mim a acarinhar as mãos com as veias em placebo de 100 anos.
E ainda não tomei nada que não fossem doses alucinadas de vida. Mas esta viagem promete e o Clube das pessoas que acreditam em tudo é o útero perfeito para fazer nascer este filho.
Nunca mais temos frio.