A liberdade é um algoritmo maravilhoso
É uma delicia que celebremos a Liberdade evocando a luta, os cravos e os heróis da revolução.
E depois?
Depois está bom. Porque na verdade, não fazemos um boi pela liberdade, senão viver a achar que somos livres.
E depois?
E depois gritas ao mundo, o que desejas, confias na energia que depositas no cosmos, mas na verdade é no teu telemóvel, e não na tua alma escancarada, que aparecem as inúmeras referências ao eco dos teus sonhos, uma planilha de links e promoções. Os filhos da liberdade!
Não é maravilhosa esta liberdade?! E depois não contente, dizes aos outros todos que são livres. E ele atafulham-se em filhos, cães, empregos e responsabilidades.
E depois? E depois alguns entre os eles, sentem-se miseravelmente aplacados pela vida. Mas estamos livres para o sentir. E depois?
E depois inundámo-nos em comprimidos, cursos, curas e livros inspiradores e vamos atrás dos outros na perseguição de nós mesmos.
Mas somos livres de o fazer.
E depois?
E depois, se sentires muita curiosidade em saber mais do mundo que habitas, tens que fazer uma expedição. Porque nesta maravilhosa temporada de abundância, as respostas são limitadas e há temas que dão castigo se ousares procurar.
E depois? E depois achas que vives num buffet imenso de opções, que na verdade, estão limitadas às narrativas que te propõe.
E depois?
Depois não faz mal. Porque pões um cravo na mão e uma ferradura na liberdade.
E gritas com muita força que és livre!