“Não deves ter filhos.”
É mais fácil fazer ferver a água nas redes que numa panela ao lume.
Fazes um comentário num texto do @raminhoseffect sobre uma pseudo noticia, de uma mãe ultrajada, que se vê confrontada com um pedido de mudança de mesa, por parte de um casal, que se recusa a estar lado a lado com uma criança que chora desalmadamente…e já fez espuma.
(E eu que nem sou de comentar)
Da panela, transborda o exército das mães medalhadas, veteranas na guerra dos 100 filhos, a levantar a voz bélica, a bramir o polegar e afirmar sobre os meus ovários: – Não deves ter filhos!
Já pensei nisso também, mas já vou tarde.
Tenho e tenho duas.
E sempre tive tanto respeito pela minha vida antes delas, que uma das coisas, que determinei com o pai é que tentaríamos não jantar fora depois das oito, tal era o pânico que me assolava a ideia de incomodar os demais.
Aqueles que tinham decidido ir fora, porque fora, implicava sair, curtir e sossegar sobre as tarefas e o ambiente do lar.
E se alguma vez, aconteceu ser confrontada com um choro incontrolável de uma das minhas filhas, saía e afastava-me o mais que podia para não incomodar os outros.
Na impossibilidade de acalmar a criança, pedíamos a conta e saiamos, porque se a liberdade dos outros começa onde termina a minha, a minha seguramente não dava mostras de querer terminar.
E muito honestamente, na existência de bom senso, respeito pelo próximo e educação, este assunto não teria pano para um crop top.
Terei certamente outros telhados de vidro, que a bem ver, podem permitir a entrada de alguma luz, mas neste assunto em particular estou sanada.
Posto isto, repito-me e arredondo-me. Não gosto de estar em sítio fechados com crianças a chorar, incomoda-me que os pais achem que devemos colectivizar as suas dores e faz-me mal, pressentir que para alguns seres humanos, a compreensão do seu desatino passa por desatinarmos todos.
É por estas e por outras que Acabamos a morar todos num mundo de absurdos intocáveis.
Dá para fazer birra por isto?