SÃO TOMÉ
| Onde é | São Tomé e Princípe
| Quanto é | 1800€ /pessoa (em média com voo incluído)
| Quando ir | Entre junho e setembro | Janeiro e Fevereiro (tipo Agora)
Este texto é apenas uma abreviação doce da minha experiência como viajante. E do meu doce regresso com as minhas filhas. E o que é que posso dizer que não vem na net? Posso dizer sem pretensão maior, que fui arrebatada pela ilha na primeira ida. E posso ainda acrescentar, que cada vinda deixa uma saudade grande.
Tenho a certeza que estas palavras organizadas são escassas, para tudo o que há a dizer, sobre este pequeno Paraíso. São apenas as minhas. O que é que eu posso dizer que acresça ao que aquilo é? Que vão até São Tomé e Príncipe de coração aberto, com alma de viajante e me tragam o Paraíso nas vossas palavras. Procurem na Net, pesquisem, desbravem, tracem rotas nos mapas, vejam as imagens, as paisagens, as historias das roças, dos projectos e das pessoas.
São Tomé não é para toda a gente. E não é com certeza, para os viajantes monocromáticos e acéticos das capitais europeias, nem para os aficcionados do frio intelectual das estepes do norte, nem para quem tem horror a baratas (e eu tenho muito!).
E muito menos, para ser sorvido, por quem tem medo de pessoas, na sua generalidade. O que aqui se encontra, acima da paisagem intacta, é a autenticidade das pessoas, acima da nobreza secular das roças, os sorrisos atravessados das crianças, acima da biodiversidade saturada de verde, a entrega, a simpatia, as pessoas. E se ao humano somarmos esse oxigênio verde que nos amplifica a alma, podem facilmente imaginar, que não é fantasioso, o epíteto de Paraíso. E se toda a ilha impressiona pelo revestimento a verde, pelos sons dos pássaros, mesmo a cidade Capital, descontando a poeira e o movimento é uma cidade impressionante. É um País que acolhe famílias e casais, viajantes solitários e corações cheios.
E lembrem-se: Viajar é viver a dobrar.
“(…) quero que vejam que existe um mundo muito maior do que o delas, onde as crianças reinventam todos os dias (…)”
Queria muito que elas respirassem uma lição de vida, que na encruzilhada burguesa em que vivo é quase impossível de aprender. Além da possibilidade de andarem 24 horas sobre 24 horas de pé descalço, dançarem numa carrinha de caixa aberta a respirar selva e brincarem rodeadas de crianças de sorriso aberto, queria que percebessem no contraste da pele, o contraste da vida.
Viajar é uma atitude, podemos palminhar o mundo inteiro mas se não trouxermos nada de mundo connosco as experiências só ficam estampadas no passaporte, quando é na alma que devem vingar.
Não preciso de frases feitas para saber que é difícil aprender a amar as coisas simples. Não se passa do deslumbramento do linear do “Toys R Us” para o carrinho de esferas só porque andámos descalços no Equador. No fundo, só quero que vejam que existe um mundo muito maior do que o delas, onde as crianças reinventam todos os dias os seus brinquedos, onde duas pedras fazem traves de baliza, os pés não tem o amparo dos pitões, mas os golos tem o mesmo sabor das vitórias que se ganham por aqui.
E assim foi. Correram descalças nas roças de São Tomé rodeadas de crianças, partilham cocos partidos e gargalhadas de cabeça para trás. Desbravam o mato com catanas à procura de bichos pequeninos e regressam ao quarto cansadas, com pena de não viverem na floresta densa. Tenho a certeza que quando voltaram a pôr os sapatos já calçavam outro número.
| 10 Mandamentos para viajar com crianças |
1º | As crianças crescem na proporção das experiências que lhes são proporcionadas.
2º | As crianças adaptam-se a tudo com maior facilidade que os adultos.
3º | As crianças descomplicam a visão das coisas, aproveite-se disso.
4º | Existem crianças e farmácias em quase todos os países.
5º | Não se preocupe demasiado com o cumprimento de horários. Não há nada mais saudável que a quebra das rotinas.
6º | Uma viagem é um livro aberto de aventuras, deixe-as interagir com as pessoas, saborear as comidas e descobrir as paisagens.
7º | Os parques temáticos fazem parte do imaginário de qualquer criança. Mas lembre-se que o mundo tem mais a oferecer.
8º | Leve-os a programas de adultos deixe-os crescer em tamanho e visão, dê-lhes mundo.
9º | Um resort é um ambiente protegido. Use mas não abuse de destinos controlados. A vida não se faz dentro de uma redoma.
10º | 10 horas de avião, 6 de carro mais 3 de autocarro são o maior lição para o “Já chegamos?” dos 15 minutos.
Obrigatório por o Pé:
- Visitar as roças e deixar que as crianças façam de guia
- Comer uma santola em Neves
- Fazer um passeio de piroga a comer amendoins torrados e a beber cerveja gelada, as crianças adoram ajudar a remar e a paisagem é de cair para o lado
- Levar cordas para saltar com as crianças e colunas portáteis com kizomba para dançar em qualquer lugar
- Acender uma fogueira na praia e comer peixe grelhado com a população local
- Levar mochilas e material escolar para distribuir nas escolas das roças menos acessíveis (organizar a recolha nas turmas dos vossos filhos)
- Recolher pastas, escovas de dente e material de higiene oral e contribuir para a ONGD Mundo a Sorrir: saotome@mundoasorrir.org
- Pedir às crianças das turmas dos vossos filhos que escolham um conjunto de roupa que adoram e dá-lo a quem não tem.
Dicas completas: https://isabelsaldanha.com/dicas-sao-tome-e-principe/
1 Comment
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Do fundo do meu coração mestiço quero dizer-lhe “bem haja Isabel Saldanha” pelo maravilhoso artigo sobre a ilha onde abri os olhos e espero fechar!
Há muito que não lia nada igual sobre S. Tomé e Príncipe! Uma visão que transcende tudo o que de mais belo e puro se pode ler sobre um lugar tão paradisíaco e tão simples para se viver!
Oxalá volte sempre com a mesma vontade a essa casa abençoada onde as aves nos adormecem e as estrelas vespertinas nos acordam! Por tudo Dêçu paga bô!