Desenhei este fim de semana a pensar em mim e em mulheres como eu.
Há muito tempo que andava à procura de uma dinâmica de fim de semana OFF em modo ON nas coisas que adoro.
Mas tudo o que eu encontrava, ou era muito Freak/night ou era muito detox/gluten free.
Não queria nada muito metafísico, nem dietético, nem muito filosófico, nem muito ético.
Queria um fim de semana de curtição em que o tema central fosse a própria vida, queria conversar e beber à volta de uma lareira, cheia de gente cheia, com vidas cheias, sem medo de se entornar.
Não queria nada que nos obrigasse a controlar a respiração, a encolher os abdominais ou a vestir lycras justas pela manhã.
Nem queria nada que tivesse uma agenda tão apertada como os programas de santos da Junta de Freguesia, nem banhos gelados ou meditações que não fossem induzidos por voluntária vontade.
Queria um fim de semana inteiro em que os sonhos, os projectos e os negócios, os seres e as ideias fossem degustados sobre uma mesa de migas, arroz de grelos e croquetes de alheira caseira, entre conversa boa e gargalhadas.
E queria isto tudo, num espaço longe da cidade, em simbiose com o mar, o campo e o conforto. Mas também não queria só blá blá blá do bom, embora adore falar e saiba de antemão, que todo o programa está embrulhado em boa e destravada conversa.
Por isso preparei dinâmicas de diálogo e jogos. Porque no recreio brinca-se muito mas também é no humor que mais se cresce. Pena de nós adultos que tenhamos enterrado tanto a criança interior que tenhamos que nos retirar para a fazer renascer.
Mas desta vez no Recreio! Sem mantas nem mantras.
Encontramo-nos nos baloiços,
Isabel Saldanha