Vivo bem com isto

Até vivo bem com piadas que me causam repulsa, aprendi a abarcar o grande universo da liberdade, silenciando as minhas susceptibilidades, sem abrir mão dos constituintes da minha moral.

Ainda me assusto quando vejo a ovação do colectivo perante a expulsão ou exclusão de pessoas das redes sociais.

Não gosto de acéfalos, machistas de índole medieval, mas gosto ainda menos de ser absorvida pela moral colectiva, que cai sobre nós como o manto da virtude e um mantra comportamental.

Julgo que estamos todos cientes do que constitui um crime. O resto é competência da educação e da dotação do carácter e compete a cada um de nós, esclarecer, conhecendo e conhecendo para nos esclarecermos. Gosto de saber o que pensa, quem pensa contra mim.

Amputar as vozes discordantes, mesmo as que gritam abusrdidades, não me parece um caminho são. Porque o pensamento não se extingue com o silêncio e a opressão faz germinar uma raiva que é pasto fértil para que cresçam muito mais.

As cidades já o fazem, atirando para os subúrbios os pendentes que a sociedade não consegue tolerar. Porque é que nós fazemos o mesmo, com as vozes que atentam contra as nossas convicções científicas e morais?

Não podemos assumir, o que todos sabemos, que os assuntos não são combatidos com silenciadores. Que as questões proliferam muito além das vozes que se fazem calar.

Que o estado ou os estados não têm qualquer idoneidade para definir correntes morais, nem para definir inimigos, que as fogueiras servem para aquecer, não para queimar.

E que não compete à governação, nem às grandes empresas, criar a ideia ilusória de um estado resort, mandando para as traseiras dos arbustos os assuntos que considera contemporaneamente rasteiros.

A mim melindra-me mais a corrupção e a carga fiscal que a bazófia de um macho a tentar ser Alfa pendular. E inquieta-me mais o silêncio do governo sobre o que arde, do que arder com terraplanistas ou bloquear as conspirações do momento.

Mas isso sou eu. E o que é que interessa o que o indivíduo pensa.

Como dizem os prudentes “ainda vais a tempo de apagar”.

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