Toda a morte é uma conspiração
Eu adoro uma boa teoria da conspiração, a aparente vulgaridade dos factos esconde sempre um infinito de possibilidades, basta para isso uma imaginação profícua, uma curiosidade desmedida, um sentido crítico imperturbável, uma tolerância elevada e uma desconfiança permanente.
A capacidade de acreditar em tudo não é um princípio de ingenuidade é o motor do conhecimento. Sem tabus, sou toda ouvidos ao que me queiram contar, tudo.
Conspirei que chegue em torno das diletâncias do pandemia.
Não tinha como não? Havia, e ainda há, material em excesso para encontrar petróleo em todos os hemisférios.
O que eu não alinho, porque detesto quando a teimosia vence a curiosidade é no pressuposto de que tudo é uma conspiração.
Se há um lado poético na conspiração da morte contra a vida, há.
Se cada verso de respiração pode produzir um poema, não.
Por muito que me doa alguma da banalidade existencial. Não consigo alinhar na cavalgada distopica de um mundo em permanente conspiração. Já é desafiante que chegue mantermo-nos em pé sobre placas tectonicas, num epicentro de magma, numa galáxia de buracos negros e na eminência de um encosto meteorito.
Há quem morra, só porque morreu, não porque foi limpo pelo arquitectura diabólica do submundo, nem pela inoculação, nem porque ingeria excesso de vitamina D.
A verdade é sempre inconveniente ao homem, porque lhe retira a ilusão da fantasia.
Mas é tão mais apaziguador saber que algumas coisas são só o que são. E hoje é só mais um dia em que parece que a vida conspira contra a morte.
Olha a minha sorte!