O Verão tem isto

Nunca envelhece o cabrão.

Passa-nos uma demão na pele, duas demãos no céu.

Dá nos chuvas de meteoritos e super luas.

Notícias estupidas, fogos infernais e dias tão longos, que sobra tempo para imaginar outras dores.

Noites quentes que não permitem arrefecer as dúvidas, nada é certo e está tão perfeito assim.

Os mergulhos regeneram, vens à tona com tudo à toa e sabe tão bem não ter respostas concretas para perguntas sem fim.

O verão é um caldo voluntário que se oferece à testa.
É a sesta que baba o corpo debaixo do chapéu.

É uma amnistia que varre para as folhas do outono as despesas de outras primaveras.

Sempre achei graça à expressão: os amores de verão morrem na areia. É o único lugar no mundo onde todos escavamos um bocadinho.

É o expoente do niilismo, um absurdo delicioso que convida a entrar, um santo grall de palhinha.
Um quadro roubado aos artistas que pousaram o pincel para contemplar.
Eu sou um bocadinho de verão.

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