MADEIRA

“Onde a promessa do colo da natureza, embala, espanta e seduz.”

Se eu construísse uma casa de raíz era de Madeira. Sempre gostei da matéria, agora adoro a ilha. Nem eu imaginava que, viria a ter  uma relação tão estreita com este arquipélago em 2019.

Fomos à Madeira a convite da Associação de Promoção da Madeira. Desde o ano passado, que estava determinada a levar as miúdas a conhecer as ilhas e, por isso, lançámos o isco (que é como quem diz, apresentámos o Gang e enviámos um email).

Pagámos os voos  e a Associação ofereceu alguns dos programas turísticos e a Estadia. O programa  era a cara da Gang, e com a Marta autorizada a andar de avião, não hesitámos um segundo. Acho que nunca comprei uns bilhetes de avião com tanta antecedência.

 

 

Em Novembro já tínhamos bilhetes impressos para Abril e, só não tínhamos as malas aviadas, porque o Gang não tem peneiras e os nossos trapinhos sóbrios dobram-se na noite anterior.

Aí entra o melhor das redes sociais, a partilha e as dicas, os filhos e filhas da ilha desdobraram-se em sugestões, dicas e roteiros.

Nem eu imaginava na altura, que iria trazer para o pacote das mais nobres amizades, duas madeirenses irrequietas de coração palpitante: Cláudia e Joana, obrigada. Vocês foram a excepção que confirma a regra humana, que entre muita gente mediana se encontram humanos de excepção. Se foi Deus que vos enviou, um brinde de poncha ao arqueiro, porque acertou em cheio no meio.

 

 

As miúdas já têm 10 e 13 anos, os programas já não podem ser muito infantilizados, nem excessivamente museológicos e contemplativos. Ajuda os 20 da Marta que balançam entre o miradouro, a bisca e os tremoços, enquanto eu oriento o Google Maps , os vocais de mãe e o papel das dicas.

Estivemos uma semana na ilha. Dizem os apressados que se vê tudo em menos tempo, que a lha é pequenina, mas não concordo e não fomos ao Porto Santo.

Escolhemos a estadia entre uma lista interminável de luxuosos hotéis e opções de alojamento rural. Sem medir a distância à capital, a escolha foi unânime: Casas da Levada, na Ponta do Pargo. Foi só quando comecei a falar com a Joana da Madeira que me dei conta que estaria a hora e meia do Funchal. “Que se lixe”, pensei.

 

 

A alma do gang está longe de ser citadina. Não antipatizamos com o colorido cheio da cidade, mas fazemos ninho nas zonas mais remotas, onde a promessa do colo da natureza, embala, espanta e seduz.

E que bem que ficámos, instaladas neste pequeno paraíso, numa casinha, casebre, casarão, que convidava a expandir o corpo sobre a generosidade das áreas.

São casas autónomas, com cozinhas equipadas, no alto de uma levada íngreme com uma vista aberta sobre o mar.

 

 

O jardim parece aquele dos teletubbies com coelhos aos pulinhos sobre a relva fluorescente, patos, lagos, sapos e ovelhas. Há árvores de fruto, hortas e não se ouvem os vizinhos.

 

 

Devíamos ser a casa mais desarrumada e alvoraçada aqui do condomínio rural, mas andámos felizes.

Aconselho a quem vier à Madeira a atirar-se  para estes confins com confiança, e, ainda que, só vissem uma parte do todo, era sem dúvida a melhor fatia da paisagem.

Está-se a uma hora e qualquer coisa de distância do Funchal. É curva sobre túnel e túnel sobre curva. Mas o gang gosta do ermo, da escarpa longínqua, do farol isolado, da levada dos corajosos, da curva apertada e da cintura estreita. Estes penhascos de rocha e verde num bate boca com o mar são qualquer coisa. Ficar hospedadas no lado noroeste da ilha, entre a Ribeira Brava e São Vicente, foi a melhor opção que fizemos.

 

 

Nesta semana, explorámos a ilha com alguma profundidade. Deu para fazer levadas; ir a banhos, visitar as grutas; fazer piqueniques na relva e na berma da estrada; embarcar num passeios de catamaran; ver o Pôr do sol com o torpor do Mojito e os guinchos do papagaio, com uma poncha na mão e as cascas de amendoins debaixo dos pés.

E mesmo depois de tamanhas aventuras, quero voltar para namorar de forma demorada na levada das casas que me levaram o coração; para explorar o lado sul da ilha e  para afogar em ponchas de pitanga e abraços, as amigas que fiz na ilha.

A Madeira tem paisagens que são como a Sé de Lisboa para mim: fi-la durante 8 anos seguidos e nunca me cansei daquela curva. Encanta-me, das levadas às espetadas. Acho que é preciso saber viver a Madeira da forma certa. E acho mesmo que não é uma ilha que deva ficar consignada a um inventário de highlights.

 

 

É um sítio para todos os gostos. Há que entrar e namorá-lo com propriedade e curiosidade, sem regionalismos e comparações. É um cantinho do nosso País, com a absoluta e, às vezes, asfixiante verdade de estar rodeado de água, não lhe falta o sal.

Aqui ficam as dicas que serviram de bússola às nossas incursões:

 

 

 

| ZONA NOROESTE |

SÃO VICENTE: Grutas de São Vicente; Almoço no Restaurante “Many”.

SEIXAL: Chão da Ribeira; Véu da Noiva (cascata); Praia na zona do Porto do Seixal: Piscinas naturais ou a praia de areia preta (praia da Jamaica);

PORTO MUNIZ: Parar na zona da Ribeira da Janela para ver a vista do ilhéu; Praia nas piscinas naturais do Porto Moniz (turísticas); Subir de carro até ao Fanal; Paul da Serra: Planalto acima das nuvens (uma tarde inteira/manhã para explorar);

 

 

 

| ZONA ESTE |

MACHICO: Passear na baía de Machico

CANIÇAL: Zona de pescadores;

PONTA DE S. LOURENÇO: A caminho: Entrar no Hotel da Quinta do Lorde; Ver a ponta mais Este da ilha (percursos curtos e baias/enseadas pequenas com água cristalina); Voltar pela Via Rápida e ir em direcção ao Porto da Cruz;

PORTO DA CRUZ: Passear na vila; Praia da Alagoa ; ver e visitar o Engenho de Aguardente;

SANTANA: Casinhas de Santana; Pico Ruivo; Curral das Freiras; Poço dos Chefes (piscinas naturais);

 

 

 

| FUNCHAL | 

  • Mercado dos Lavradores;
  • Zona antiga do Funchal;
  • Passear na Rua de Santa Maria e ver as portas pintadas;
  • Café Teatro de frente para o Jardim Municipal;
  • Livraria Esperança na Rua dos Ferreiros 119 e 156 – mais antigas de Portugal.
  • Subir ao Monte de teleférico;
  • Andar nos carrinhos de verga;
  • Visitar o Jardim Tropical no Monte;

 

 

 

| ZONA SUDOESTE |

CÂMARA DE LOBOS: Passear na vila, beber a verdadeira Poncha ou provar a Nikita; Ir ao miradouro do Cabo Girão;

VILAS: Ribeira Brava e Madalena do Mar;

CALHETA: Passear na marina; Museu da Casa das Mudas; Jardim do Mar (beber uma cerveja no Portinho e percorrer a promenade); Paul do Mar (ver o pôr do sol no bar “Maktub”); Miradouro da Raposeira; Miradouro da Garganta Funda; Caminho dos Pés Descalços (Trilho na montanha com várias texturas de chão para percorrer descalço);

 

 

 

| OUTROS PLANOS |

  • Subir ao Pico do Areeiro;
  • Ribeiro Frio: Parque natural localizado num vale profundo;
  • Levada (20 minutos) ladeada pela Vereda dos Balcões que leva a um miradouro. 
  • Levadas: Exigentes: Levada do Risco e 25 Fontes (Rabaçal), e Levada do Caldeirão Verde (Santana); Fáceis: Levada do Alecrim e Levada do Rei.
  • Passeio de Barco na Nau Santa Maria, num Catamaran, ou num semi-rígido (Rota dos Cetácios)
  • Ir até à Fajã dos Padres (de barco ou teleférico) e almoçar no restaurante da zona depois de um mergulho no mar;

 

 

 

| COMES E BEBES |

    • FUNCHAL: Chalet Vicente; Poncha da Serra d’Agua; Jacquet; Taberna Madeira; O Londres; Os Combatentes; Cervejaria Beer House;O Mercado das Tapas; Boho Bistro;
  • SANTANA: Cantinho da Serra;
  • S. JORGE: O Casa de Palha;
  • CANIÇAL: O Muralhas;
  • RIBEIRO FRIO: O Faísca;
  • MADALENA DO MAR: Preia Mar;
  • PORTO MONIZ: O Orca;
  • MACHICO: Maré Alta;
  • CÂMARA DE LOBOS: Adega da Quinta; Deserta Pequena; O Lagar; Santo António; As Vides; Viola

 

 

 

| NOITE |

  • Zona velha do Funchal: Vários bares para beber uma poncha com amendoins e tremoços;
  • Café do Teatro (discoteca).
  • Vespas & Marginal (discoteca).
  • Hole in One Madeira: Bar e música ao vivo.