Isto é a Vida

Sou tão fã de viver, que tenho por arrogância, que era capaz de entrar na terra em combustão espontânea.

Ainda, que ache esta porra, mais difícil que a carga fiscal portuguesa.

Conseguir SER, no meio de tantos seres a tentar o mesmo.

Dar sentido ao ser pessoa, uso ao ser mamífero, combustão ao ser racional, um encosto ao reformado, um anexo para o tarado e um espaço para o artista.

Explicar as nossas incongruências, primeiro a nós mesmos e depois aos outros. Dosear o egoísmo de proteção com a generosidade de tentar pertencer. Ser aceite como se é, sabendo que se vai sendo.

Cuidar de ser feliz sem atropelos, ter arrojo sem ambição desmedida . Saltar barreiras em comprimento dos protocolos de tantas famílias.

Conseguir fazer uma nossa.

Sobreviver à incompetência de nós mesmos, planar sobre a incompetência dos outros.
Reeducar os sonhos comprados aos saldos de outros tempos.

Reclamar um lugar nos imensos colectivos que habitamos, aprender a mentir fininho e mobiliar a alma ao mesmo tempo.

Fazer dinheiro para ganhar tempo, arranjar tempo para fazer os sonhos, não vender os sonhos para fazer dinheiro e gostar do que se faz, fazendo o que não se quer, pensando que um dia, talvez façamos só o que nos faz feliz.
Sem
Saber exactamente o que isso é.

Com sorte ser amado por quem amamos, com desculpa manter amando, só para lembrar. Chorar muito às escondidas, até perceberes, o triste que é tudo ser triste escondido.

E rir muito alto para que toda a gente perceba que estás feliz. Levar palmadas nas costas pelo dom da autenticidade, sem perceberes porque é que continuas sozinho.
Escolher bons amigos para as circunstâncias más. Celebrar tudo, mesmo a miséria das diferenças entre nós e os que ainda lutam para ser felizes.

Um doce da casa, um jogo sem fronteiras, um show de stand up, um filme de terror, um romance curto, uma patanisca com óleo, um filme a preto e branco e um sonho a cores.

Meus amores. Isto é a vida.

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