ALDEIA DAS OLIVEIRAS
| Onde é | Beira Baixa (9Km de Proença-A-Nova)
| O que é | Pequena Aldeia Beirã, de casas em xisto
| Onde ficar | Variadas casas à escolha. (c/ piscina particular)
| Reservas | A partir de 2 noites (inclusive). Check-In das 16h00 ás 23h00.
| Quanto é | Mínimo 90 € – casa c/ 2 quartos (nem todas as casas têm cozinha)
| O que levar | Comida, fato-de-banho, toalhas, cartas e livros
“(…) apesar de estranhas, fomos recebidas como se tivéssemos vivido lá a vida inteira.”
A mala do carro não se encheu com mais do que duas mudas de roupa, um fato de banho só para o caso, uma toalha para todas e um livro para cada, uma máquina fotográfica com a bateria cheia, e suplementos alimentares à base de gomas, pipocas e cerejas, porque, afinal, de que mais poderíamos precisar para saborear um fim-de-semana como deve de ser?
A viagem é longa, mas há quem diga que o que é bom se faz difícil. a paisagem do outro
lado da janela foi-se pintando de verde, e as estradas trocaram o alcatrão pelo xisto que abrigava também as casas daquela aldeia.
Chegámos à porta e não são nos foi dada a chave em mão, como um pote de compota e
um cesto de fruta madura. já sem os pés calçados, instalam-nos naquela casinha de madeira e pedra, com dois quartos com dois quartos de teto esconso, e uma sala encomendada de um livro panelas penduradas nas paredes e loiça de barro e cerâmica empilhada qual loja artesanal.
No jardim, até os gatos vadios se faziam bem-vindos. à sombra dos limoeiros, encontrámos um quintal com um trator enferrujado estacionado a um canto, e uma enxada pousada ao lado da mesa que nos serviu às refeições, onde a única pressa era a de não demorar o almoço sobre a grelha do churrasco.
A aldeia faz jus ao nome, e a volta ao terreno faz-se na ida ao café.
As pessoas circulam nas ruas como quem deambula nos corredores da própria casa, e, apesar de estranhas, fomos cumprimentadas como quem lá cresceu a vida inteira. Talvez porque as jardineiras e a pele suja denunciassem a veia desempoeirada que vestimos, talvez porque não nos limitamos a espreitar pela brecha da janela e arrombamos a porta pelas dobradiças, a nossa presença não se fez indiferente daquelas vidas cercadas xisto.
A D.ª Fátima quase que deixou a bengala de lado para se apressar a mostrar-nos as
redondezas da vila queimada pelo fogo onde os vizinhos se contavam pelos dedos e os gatos vadios se abrigavam em ninhadas por debaixo da cinza. O Sr. João traçou-nos um roteiro de percorrer e chorar por mais, numa tentativa subtil de nos fazer alongar estadia (nada que não quiséssemos). A filha da Sra. Madalena achou por bem contribuir para o nosso reservatório de cerejas do Fundão, e lá nos estendeu mais uma cesta bem recheada.
Em três dias sujámos os pés na cinza esfumada daquela aldeia esquecida, na água gélidados riachos que rasgam as montanhas de um verde ofuscante, na pedra quente aconchegada pelo sol de maio, no sumo da cereja adocicada, e na estrada onde o próprio caminho era paragem para encostar a vista.
Voltámos para casa, desta a suplicar aos quilómetros que se esticassem na distãncia,
meio amuadas como crianças no fim da festa, mas com a barriga cheia, não de chocolates mas cerejas, e o apetite satisfeito pela dose bem servida daquilo que o nosso país tem de melhor.
Obrigatório por o Pé:
- Mergulhar na água gélida da praia fluvial (Froia, a 300 m da aldeia) e secar a pele de galinha em cima de uma rocha
- Visitar a Aldeia da Sobreira Formosa e aproveitar os aldeões que se disponibilizam para ser guias locais
- Parar o carro em quatro piscas e respirar o ar da serra;
- Levar os pés a percorrer os caminhos trilhados por pastores e ovelhas;
- Grelhar o almoço no jardim e o jantar na panela de cobre;
- Ouvir o som que o rio canta a correr
- Visitar a Praia fluvial do Penedo Furado*
*Algumas destas paisagens absolutamente únicas arderam nos incêndios do Verão passado. E nós sabemos, que uma das mais importantes formas de manter a reflorestação é manter o turismo.